Quando se fala no arcano XX - O Julgamento, logo nos vem à mente um renascimento, a transformação completa da existência, o início de uma nova etapa, mudar a página, recomeçar, deixar para trás velhos ressentimentos e atitudes, ter uma nova chance para fazer tudo diferente, viver uma nova vida. Também pode estar ligado a uma reciclagem, uma renovação de algum aspecto da vida, uma fase marcada por um novo visual, ou pela superação de velhos hábitos, uma mudança de residência, um novo trabalho ou estudos que nos abrem os caminhos, novas posturas filosóficas. O Julgamento pode trazer, por vezes, mudanças radicais: coisas grandes, que se mostram claramente aos nossos olhos sob a calorosa luz do sol e ao estrondoso som das trombetas divinas. É algo que todos podem ver mesmo se estiverem um pouco distraídos, tamanha a repercussão...
No entanto, existe um outro tipo de renascimento que é tão importante e transformador quanto o primeiro, mas tende a se manifestar muito mais timidamente. O arcano XX pode nos indicar o momento em que acessamos um novo estado de consciência, ou seja: nossas experiências de vida estão sendo assimiladas de um modo coerente, estamos prontos para a "próxima lição", demos conta de aprender alguma coisa e conquistamos nossa entrada a novos horizontes. Nosso modo de ver e pensar a vida está renovado, não há mais como voltar a ser como era antes, pois já aprendemos e internalizamos a mensagem. Acessar um novo estado de consciência não é coisa que sempre percebemos prontamente, e nem sempre vem acompanhada por um evento marcante, por uma mudança externa e visível - é algo muito mais interno e sutil. Pode ser que ocorra naturalmente: basta estar vivendo para que uma hora essa renovação aconteça. Por isso, podemos demorar para perceber, se é que vamos perceber o que aconteceu, já que essa transição não é nada que se possa ver, tocar ou mensurar... Assim como leva tempo para "cair uma ficha", também pode levar tempo para "perceber que a ficha caiu". Porém, esse processo faz toda a diferença, pois irá alterar, para melhor, o nosso jeito de encarar as pessoas e as situações. É interessante notar que nem sempre uma mudança externa produz uma mudança interna correspondente. É preciso haver empenho, esforço e dedicação para manter viva a sua força, ou ela acaba se dissolvendo aos poucos com o passar do tempo. O mesmo não acontece quando a mudança vem de dentro para fora. Nesse caso, a transformação é completa e verdadeira. E é por vir de dentro que seus efeitos podem não ser vistos ou sentidos prontamente; mas eles certamente virão e, quando chegam, vêm para ficar! Sob uma série de aspectos, o arcano XX nos lembra as mudanças inevitáveis que encaramos quando um ciclo se encerra na Morte - arcano XIII. Ambas acontecem naturalmente, são o momento culminante de um longo processo. Mas há algumas diferenças, sejam elas mais ou menos evidentes. O XIII nos coloca a dor da perda, a dor do encerramento de uma etapa. Aqui estamos lidando com os sentimentos e os conflitos advindos de uma finalização ou ruptura. Estamos aprendendo a superar o apego ao que já foi, e nos encontramos ainda "despedaçados". No arcano XX, há ares de novidade - notamos um desprendimento, um alívio, uma supressão do sentido que temos do passado; nunca fomos tão inteiros, tão íntegros, como somos nesse exato momento. Nossos olhos se voltam para o que começa a partir de agora, o que há de vir. Estamos prontos para o que quer que seja... A abertura a seguir nos mostra qual foi a nossa última “lição aprendida”, que nos permitiu acessarmos um novo estado de consciência, e aponta para onde nos encontramos no momento atual. São quatro cartas, formando um quadrado, deixando-se o arcano XX já aberto sobre a mesa: 1 2 XX 3 4 1. Onde estive: essa lição já foi aprendida; mostra o que posso usar a meu favor, tem-se fácil acesso ao que é mostrado nessa posição. 2. Onde estou: qual é a lição que estou aprendendo agora, necessária para que eu chegue a um novo estado de consciência. 3. Desafio: obstáculo, dificuldade apresentada no estágio em que me encontro; de que modo eu me saboto para evitar vivenciar a lição atual. 4. Onde posso chegar: orientação para o momento presente; o que posso fazer para aproveitar melhor a minha lição, representada na posição 2, e auxílio para vencer o desafio proposto na posição anterior. Trabalhar com o arcano XX nos mostra que não é todo dia que recebemos um chamado avassalador para a total renovação de nossas vidas, mas a cada dia temos a oportunidade de moldar um novo mundo para nós mesmos, de acordo com o alcance da nossa percepção, representado pelo nosso atual estado de consciência.
0 Comentários
A Papisa, ou Sacerdotisa, arcano número II, é a energia oposta e complementar ao Mago. Enquanto no I nos deparamos com a atitude criativa e a primeira manifestação concreta dos ideais, no II o que se procura já existe pronto - não há nada a fazer. A chave encontra-se escondida, embora acessível a quem se dispuser a decifrar enigmas. O Mago deseja fazer acontecer diante de todos os olhares a sua magia. A Papisa não precisa sair de casa. Está sempre absorta em seu mundo: sua concentração é plena, porém voltada para dentro. Ela guarda o livro onde já estão escritos todos os mistérios. Tudo que sente é intenso, mas permanece oculto aos olhares superficiais dos curiosos. Ela sabe melhor do que ninguém a necessidade de guardar um segredo. Pouca gente sabe disso hoje, com tanto estímulo para compartilhar tudo com todos a qualquer momento. A Papisa não está nas mídias sociais. Ela valoriza o sigilo da sua privacidade (mas provavelmente ela participa de alguns fóruns de discussão. Com outro nome - mais seguro, preservando a sua verdadeira identidade -, é bem provável... Aliás, convido vocês a conhecerem o nosso "esconderijo": http://cafecomsaturno.weebly.com/foacuterum.html). No reino do arcano II, percebemos que nem tudo pode ser dito: As palavras são poderosas e muito podem, mas não tudo. Existem coisas que não podem ser expressas nem por palavras, nem por imagens, nem pelos nossos sentidos... Ela sabe muito bem disso; sua força reside na noite escura. Jung nos fala sobre a importância de mantermos nossos segredos em Sonhos, memórias e reflexões. Ele também nos conta como sempre soube, desde menino, da existência de duas personalidades distintas nele operantes, apelidadas de "número 1" e número "2". A personalidade número 1 era sua parte que vivia todas as situações do mundo exterior, inserida no social, assim como acontece com o Mago. A número 2 era uma parte sua muito mais introvertida, mais ligada ao seu mundo interno - o mundo da Papisa. Todos as noites, enquanto dormimos e sonhamos, travamos contato com esse mundo também - são as mensagens oníricas, com seus símbolos enigmáticos que falam menos à mente que a algum outro lugar dentro de nós. Para experimentar uma dose da Sacerdotisa, sugerimos tentar a abertura inspirada na "Janela de Johari", ferramenta humanista criada por Joseph Luft e Harrington Ingham. As posições indicam diferentes partes da nossa personalidade, sendo que 2, 3 e 4 nos podem levar para mais perto do reino do arcano II: Eu vejo Eu não vejo o outro vê 1 2 o outro não vê 3 4 1. Eu aberto: você vê e os outros também 2. Eu secreto: você vê, mas os outros não 3. Eu cego: você não vê, mas os outros veem 4. Eu desconhecido: você nem os outros percebem Não é necessário usar as cartas para chegar às respostas das posições 1, 2 e 3, mas esse é um bom exercício para confirmar o que já sabemos ou ao menos desconfiamos... Já a quarta posição é a que, de fato, nos ajuda a desvendar um mistério. Essa abertura também é útil quando estamos avaliando a nós mesmos num dado período de tempo, ou diante de uma situação específica. Fecho nosso pequeno texto com uma canção de Loreena Mckennitt. Suas músicas, sua voz sempre exalam uma atmosfera de introspecção e mistério... Como é bom ver o Mundo saindo em nosso jogo... Tão gostoso sentir aquela sensação de que tudo está bem, de que temos tudo que precisamos. Que nossa vida é completa e tudo está à nossa disposição! E o alívio de concluir um projeto, uma etapa de vida, um trabalho artístico, seja lá o que for... Tem coisa melhor do que isso?
A tiragem a seguir propõe uma reflexão a respeito do que nos torna realmente plenos, completos e realizados. Usaremos três cartas em forma de um triângulo, deixando o arcano XXI - O Mundo - no centro desse triângulo. Antes de abrir as três cartas, olhe para a imagem do arcano XXI, disposta no centro da mesa, e respire fundo. Disponha as cartas em seguida e vire uma de cada vez. Se você achar que não entendeu a mensagem de alguma delas, não hesite: abra uma segunda carta para ajudá-lo(a) a interpretar a primeira. Se sair, em alguma posição, uma carta que você considera negativa, procure interpretar seu aspecto luminoso, mesmo que não pareça haver nada de positivo na imagem. Não se prenda aos significados usuais, procure ampliar o quanto puder o seu entendimento. 1 XXI 2 3 1. O que me faz sentir verdadeiramente completo(a) e realizado(a)? 2. Como deixar fluir em meu corpo a energia da realização e da plenitude? 3. Qual minha contribuição para a dança contínua da vida? Boas descobertas a todos! Desejo irresistível de manifestação O Mago é o combustível que faz a vida acontecer. Ele tem todos os instrumentos, todos os recursos necessários em sua mesa: não lhe falta nenhum elemento. Seu olhar está atento, suas palavras são ditas em alto e bom som. É um deleite vê-lo em ação, absorto na sua atividade inventiva... Seus principais atributos: Iniciativa, posse do poder pessoal, ação criadora, direcionamento da energia criativa, propósito claro e visível, criação apaixonada de uma nova perspectiva, desejo irresistível de manifestação. O Mago faz acontecer no mundo um projeto pessoal verdadeiramente sentido e almejado. O arcano número I é a primeira chama. É a visão de todas as infinitas possibilidades, a abertura de todos os caminhos. O direcionamento exato e preciso de uma ideia. Se depois ele vai ter a persistência para levá-la a cabo ou não, essa já é uma outra história. Ele precisa de Força e muito elemento terra para isso. Mas ele guarda em si a centelha que dá origem a tudo que pode vir a ser grandioso, porque ele acredita naquilo que é capaz de oferecer ao mundo. Ele é a sua própria criação, e a sua criação está carregada da sua magia. Inspiração: intensa, porém breve e fugidia O Mago nos oferece aquela faísca que pescamos no ar, a ideia primeira, cristalina... A semente que, se, regada, tem a chance de se tornar um dia um fruto maduro. Aquele rompante intuitivo que nos parece ser ditado por outra pessoa. Um bom exemplo disso é a canção Yesterday. Circula a história de que Paul McCartney teria sonhado com a melodia todinha; após acordar, ele corre ao piano para registrar tudo. Se ele, ao invés de correr ao piano, tivesse ido tomar um café, talvez hoje um de seus grandes hits não existiria... Às vezes temos boas ideias inspiradas num piscar de olhos, mas nem sempre damos atenção a elas. Ou então deixamos para pensar nelas depois; mas depois pode ser que não as encontremos mais! Brainstoming ou mapa mental: acendendo o propósito do planejamento pessoal Quando estamos desanimados e sem muita determinação para seguir em frente com algo que começamos, ou mesmo quando estamos confusos e não sabemos muito bem para onde ir... É nessa hora que devemos convocar uma "reunião" com nosso Mago interior e sair com uma ata mais bem delineada. Também podemos chamá-lo quando estamos vivendo a vida no "piloto automático", sem muita consciência dos nossos próprios propósitos. Quando tudo anda meio cinzento e abatido. Sem sal, mixuruca, sem brilho... Outro sinal de que é hora de nos conectarmos ao nosso Mago. Hora de impregnar de mágica nossos planos mais adorados. De sentir o nosso centro, o nosso fogo. Esse é o momento ideal para rever - ou criar - nossa própria missão e nossos verdadeiros objetivos. O Mago é o co-criador de sua própria jornada terrena. Há um exercício bastante conhecido, geralmente praticado em grupos, ou por estudantes, mas que podemos também fazer para entrar em contato com a energia do arcano número I: Escrever um braistorming ("tempestade de ideias") ou mapa mental sobre um tema que gostaríamos de esclarecer, iluminar, de impregná-lo com a nossa energia criativa. No centro de uma folha de papel, escrevemos uma palavra ou expressão principal e, ao redor dela, tudo que possa se ligar ao tema; lembrando que, embora esse exercício tenha tudo a ver com uma primeira etapa de planejamento, pode ir além disso. Digamos que estamos executando agora o planejamento apaixonado de um tema que nos é absolutamente encantador... É o rascunho, o esqueleto já vivo da ideia prestes a ser executada com maestria. Que possamos sentir a energia pulsante do Mago a nos acompanhar sempre que precisarmos de uma dose vigorosa de criatividade e idealismo! Quando a máscara cai: pequeno paralelo entre a "Casa de bonecas" de Ibsen e algumas lâminas de tarô7/27/2017 Terceiro ato "(...) NORA: É esse o ponto. Você nunca me compreendeu. Tenho sido tratada de maneira muito injusta, Torvald; primeiro por papai, e depois por você. HELMER: O quê? Por nós dois? Mas quem é que a amou tanto como nós? NORA (meneando a cabeça): Vocês jamais me amaram, apenas lhes era divertido se encantar comigo. HELMER: Nora, o que você está dizendo? NORA: É assim mesmo, Torvald; quando eu estava em casa, papai me expunha as suas ideias, e eu as partilhava. Se acaso pensava diferente, não o dizia, pois ele não teria gostado disso. Chamava-me sua bonequinha e brincava comigo, como eu com as minhas bonecas. Depois vim morar na sua casa. HELMER: Você emprega uma expressão singular para falar do nosso casamento. NORA (imperturbável): Quero dizer que das mãos de papai eu passei para as suas. Você arranjou tudo ao seu gosto, gosto que eu partilhava, ou fingia partilhar, não sei ao certo... talvez ambas as coisas, talvez ora uma, ora outra. Olhando para trás, agora, parece-me que vivi aqui como vive a gente pobre, que mal consegue ganhar o seu sustento. Vivi das gracinhas que fazia para você, Torvald; mas era o que lhe convinha. Você e papai cometeram um crime contra mim. Se eu de nada sirvo, a culpa é de vocês. HELMER: Como você é injusta, Nora, e ingrata! Não foi feliz aqui? NORA: Nunca. Julguei que sim, mas nunca fui. HELMER: Não foi... nunca foi feliz?! NORA: Nunca; era alegre, nada mais. Você era tão amável comigo! Mas a nossa casa nunca passou de um quarto de brinquedos. Fui sua boneca-esposa, como fora boneca-filha na casa de meu pai. E os nossos filhos, por sua vez, têm sido as minhas bonecas. Eu achava engraçado quando você me levantava e brincava comigo, como eles acham engraçado que eu os levante e brinque com eles. Eis o que foi o nosso casamento, Torvald. (...)" __________________________________________________________________________________ Vamos falar um pouquinho sobre a assombrosa peça de teatro escrita pelo norueguês Henrik Ibsen em 1879? Ela poderia ilustrar uma historinha que, em ordem cronológica, seria mais ou menos assim: O Imperador - O Diabo - A Torre - O Louco - A Estrela A peça conta a história de uma mulher que, por amor ao marido e seus três filhos, falsifica uma assinatura para conseguir um empréstimo em dinheiro e salvar a vida do marido doente após a morte de seu pai. Ela passa a trabalhar sem que ninguém o saiba até quitar todos os seus débitos. O texto é pequeno e tenso, mas delicioso, e conta também com pelo menos doze versões cinematográficas. A cena final, onde Nora parte deixando para trás o marido e seus três filhos, era tão chocante para a época que, algumas vezes, a peça foi encenada com um final alternativo, mais bem comportado. Casa de Bonecas expõe os problemas de uma sociedade burguesa engessada, de um casamento rígido e patriarcal, em que os papéis sociais se sobrepõem ao indivíduo. Essa situação poderia ser simbolizada como alguns dos efeitos negativos do Imperador, arcano IV do tarô. Alguns dias antes dos Natal, Nora é chantageada pelo homem que lhe emprestara o dinheiro no passado. Ele precisa manter seu emprego a todo custo, mas está prestes a ser demitido pelo marido de Nora. Começa o seu mais temido pesadelo. Entra em cena O Diabo, arcano XV. Nora não se permite ser ela mesma diante da presença do marido, que frequentemente lhe chama de sua "ave canora"... Quando quer conversar de modo mais espontâneo, o faz com o médico amigo que frequenta a casa. Rank, implicitamente, nos mostra de que modo as pessoas são substituíveis quando as pessoas se reduzem a um papel. Ele está à beira da morte e, depois de declarar seu amor não correspondido, sai de cena deixando-a sozinha com seu segredo e sua angústia. Linde, sua amiga do passado, poderia livrá-la do tormento, mas decide não ajudar por razões mais ou menos claras, mais ou menos obscuras. O desfecho nos mostra como uma vida pacata e aparentemente bem estruturada pode ruir num piscar de olhos, expondo a verdade a olhos nus (A Torre). Nora se liberta de todas as amarras depois de se desfazer de tudo o que era até então sustentáculo e alicerce: o papel de esposa e mãe não faz mais sentido e ela parte em busca de sua verdadeira identidade. Ela quer entender o que é a sociedade por intermédio da sua própria experiência, como se nada soubesse a respeito disso (O Louco). Talvez ela não tenha deixado de valorizar os papéis que exercia, mas vê sua partida como a única maneira de descobrir algo além, algo que seja anterior a tudo isso, a essência da pessoa que nela existe (A Estrela). Muito já mudou agora, mas frequentemente ainda caímos vítimas da mesma armadilha imposta pela sociedade, sob o efeito negativo do arcano IV. Hoje não tanto para manter as aparências e preservar intacto o jogo social vigente de uma maneira tão declarada, mas por outras questões que se colocam entre o indivíduo e o papel que ele exerce dentro de uma empresa, ou dentro de uma família, de um grupo de amigos, de um relacionamento etc. Quantas vezes ouvimos o que não queremos de alguém em silêncio para manter um emprego ou uma posição social digna de respeito diante dos olhos dos outros? Quantas vezes deixamos de fazer algo que gostaríamos para não contrariar uma pessoa querida? Quantas vezes e de quantas maneiras diferentes nos maltratamos por achar que é essa é a melhor forma de preservar os nossos valores e a nossa imagem diante do olhar vigilante e punitivo das demais pessoas que nos cercam? Pode ser que uma mãe deixe de estudar ou trabalhar para se dedicar a seus filhos quando, na verdade, gostaria de deixá-los aos cuidados de uma pessoa de confiança (quem sabe o próprio pai!) durante o dia para que pudessem tocar outros projetos de vida. Ou, inversamente, pode ser que uma mulher se obrigue a deixar seu lar e seus filhos para trabalhar por necessidade, quando o que realmente deseja é se dedicar exclusivamente às crianças. Assumimos uma série de papéis que nos parecem necessários por uma série de motivos, mas no íntimo sabemos que são apenas papéis, nada têm a ver com a pessoa real que guardamos dentro de nós. Tais situações podem nos manter cativos de diversas formas (XV). De que modo poderá acontecer a nossa libertação? Será como um raio a destruir toda a estrutura que nos mantinha seguros e protegidos (XVI)? Vamos ter a coragem necessária para abandonar tudo o que acreditávamos antes e nos permitir encontrar um caminho completamente inédito para nós (O Louco)? Como podemos encontrar aquilo que realmente somos depois de perceber que muito daquilo que acreditávamos não nos serve mais (XVII)? E quanto à Nora, ela é a mais louca e irresponsável das criaturas ou uma das mais corajosas mulheres de seu tempo? Um misto das duas coisas? É possível mudar sem radicalizar? São tantas as perguntas... Nora partiu para viver a sua verdade e nada mais. Merlin é uma série um pouco antiga e divertida que conta uma versão possível da pitoresca lenda de Arthur. Na segunda temporada, conhecemos Gwaine, um jovem andarilho extremamente habilidoso na luta e no combate. Filho de um cavaleiro que morreu em guerra, é deixado às mínguas junto da mãe após a morte do pai. O rei negara auxílio fincanceiro e o menino cresceu detestando todos os reis e toda a nobreza. Gwaine é um ótimo exemplar do nosso Louco das cartas de tarô. Com uma boa dose da energia do cavaleiro de espadas super bem canalizada, certamente! Vou contar um pouquinho da história do episódio para quem ainda não viu...
Arthur e Merlin entram numa taverna fora de Camelot, onde sua identidade é desconhecida. Digníssima de menção é a cena muito coquete e engraçadinha que acontece assim que a dona do local chega até a mesa e pergunta o que querem beber. Ela faz uma glosa sobre a beleza do rapaz, comentário este prontamente rebatido por Arthur. Ele logo responde que não é ela a primeira a dizer isso. A mulher retruca e diz que não estava se referindo a ela, mas ao seu amigo. E fita os olhinhos jovens do ingênuo Merlin... Este, aliás, é outro que tem muito da bondade e da ingenuidade do arcano sem número, representando bem uma de suas facetas. Mas Merlin segura também todo o peso da responsabilidade nas costas. O autêntico Louco não segura peso algum! Entra no salão um homem terrível que pede dinheiro à dona da taverna. Ela entrega algumas moedas a ele que, ainda não satisfeito, exige ainda mais. A mulher lhe diz não ter mais nada e logo é ameaçada por ele. Arthur reage e o enfrenta. O terrível covarde chama seus homens para entrar no local em seu socorro e começa a briga feia. São socos, pontapés, pratos, copos e vasos voando e se quebrando para todos os lados. E eis que surge, ele! O nosso Louco - Gwaine! Ele era um dos homens sentado à mesa que presenciou tudinho. Ele salva a vida de Arthur durante a luta e faz tudo o que pode para defender a dona da taverna até a captura do inimigo. Gwaine fora ferido e Arthur o leva para o castelo, onde é tratado por Gaius. Suas piadas e seu bom humor encantam Merlin e animam o castelo. Ele se recupera rápido e decide ir se divertir um pouco na taverna local. Cai depois de beber litros e mais litros de hidromel, deixando a conta sem pagar e causando um grande rebuliço... Enquanto isso, o homem larápio e seu companheiro se apossam de um cristal mágico que os transforma em cavaleiros de Camelot. Assim, eles podem participar do torneio de cavaleiros. Também estão munidos de duas espadas mágicas extremamente cortantes e proibidas em tais jogos. O intento é matar Arthur por vingança. No entanto, Merlin e Gwaine descobrem a verdade sobre as espadas e tentam pegá-las enquanto os homens dormem. Não adianta, os dois assassinos acordam e tentam matá-los. Gwaine é lavado até o rei Uther, que pede a sua execução. Arthur intercede por sua vida, mas ainda assim ele é banido de Camelot por ter afrontado dois de seus cavaleiros, "merecedores de todo respeito". Inicia-se o torneio, atroz e violento como nunca. Todos os participantes logo padecem por obra das espadas encantadas. Resta Arthur, apenas, contra os dois falsos cavaleiros, lutando sozinho com uma espada cega. No entanto, um dos homens tombados se levanta e luta bravamente ao lado de Arthur. Sua habilidade é notável! Juntos, eles derrotam os dois homens e vencem o torneio. Arthur reconhece Gwaine e concede a vitória a ele! Mesmo depois de salvar a vida de Arthur duas vezes, Uther o bane novamente. Ele não tinha permissão para participar do torneio, pois não era um cavaleiro, e deveria ter já deixado a cidade. O herói se retira de Camelot com prazer, mas não sem antes passar uma última cantada em Guinevere... Gwaine é leal apenas ao que acredita ser justo, é honrado em todas as situações que exigem a sua coragem, mas não se prende a lugar algum. Ele provou, o tempo todo, ter todas as qualidades e as condições para ser um cavaleio. Tem a habilidade, a honra e a honestidade necessárias. Seu estilo de lutar com a espada chama muito a atenção, primeiramente do jovem príncipe Arthur, e depois de toda a cidade de Camelot! Ele não quer lutar por uma grande causa, mas ele está sempre presente em todas as lutas mais importantes e que exigem bravura e firmeza de caráter. No entanto, ele não se amarra. Gwaine valoriza a sua liberdade. Quer sair pelo mundo bebendo hidromel e espalhando charme e carisma mundo afora. Irresponsável, talvez? Mas será que existe libertação irresponsável? Ou será que libertação é sempre libertação? Ah, o Louco, que arcano delicioso! Uma loucura!... Pensa numa energia yang, beeem yang. Pensa numa energia positiva, vibrante, enérgica. Que transmite força, coragem, ânimo para enfrentar a próxima batalha! Tudo isso depois de passar por uma desilusão no campo dos... relacionamentos. E em forma de mulher. Rainha de... Espadas! De espadas? Sim, rainha de espadas, pasme! Mas com muito fogo junto, um pouco diferente do estereótipo, talvez. Ela diz não guardar ressentimentos, mas eu duvido muito. Só o fato de dizer que não guarda já mostra a ferida ainda aberta, mesmo que tratada e adormecida. Mas basta um estímulo, e lá está ela novamente. Afinal, ela essa mulher não será mais a mesma agora. Ela amadureceu de maneira bastante positiva, mas ela não terá a mesma atitude aberta e despretensiosa que possa ter cultivado na juventude. Além disso, não se esqueça de que ela sempre se lembrará! Agora vem a parte divertida, quem conta essa história... É ela, Christina Aguilera, em Fighter. É mesmo incrível vê-la na maior parte do tempo, no vídeo da gravação em estúdio, com os cabelos pretos, super arraigada. Não há aquela suposta carência afetiva das loiras apontada pelos fisiognomonistas. Apenas no final, já transformada, ela surge toda loira novamente. Estamos, aqui, diante da força descomunal marciana aliada à sabedoria que se aprende também na vida, e não somente nos livros. A força da experiência. Quem me vem à mente é a rainha de espadas, que, por ser mulher, já traz a temática da água em si, mas numa roupagem sóbria, racional. Apesar disso tudo, ela está envolta em chamas! Há muita movimentação em jogo nessa cena. Um palpite em três cartas, num triângulo: três de espadas, Rainha de Espadas e um gigantesco ás de paus, no topo. E coloca mais fogo nisso! Me parece que a Força também poderia fazer parte da nossa história, embora sua energia seja muito mais contida, concentrada, mais interiorizada, sem fazer alardes. Também o cavaleiro de espadas, em forma de mulher. O que não deixaria de ser um misto de rainha de espadas mais um bocado de fogo. Será? E você, o que acha? https://www.vagalume.com.br/christina-aguilera/fighter.htmlAo olharmos para a imagem do dois de copas, a primeira que coisa que nos salta à mente é romance, amor, união, harmonia entre duas pessoas. É maravilhoso encontrar essa carta numa leitura que inclui uma pessoa querida, comprovando a cumplicidade e a partilha de bons sentimentos que existe entre ambos. No entanto, às vezes ela aparece quando esperávamos ver nada menos que o contrário. Chocante, não! Por essa não esperávamos, e encaramos o inusitado. Lembrando que não estamos nos referindo apenas a relacionamentos amorosos, mas a qualquer tipo de vínculo formado por duas pessoas.
Quando o dois de copas aparece numa leitura envolvendo alguém que sabemos não gostar de nós ou com quem temos um nível afinidade muito remoto, pode indicar que, apesar das diferenças, existe uma ligação significativa entre ambos. Algo muito importante foi revelado no contato com essa pessoa, ou simplesmente você aprendeu algo relevante, que ampliou a sua perspectiva. Mesmo que o momento seja de afastamento, estranhamento, frieza, ou só de fazer o mínimo que o social exige, podemos relaxar um pouco e sentir que está tudo bem do jeito que está. Pode ser que vocês reatem os laços, pode ser que não. Pode ser que nunca mais se vejam, pode ser que se reencontrem no futuro. Pode ser que se tornem amigos, pode ser que o gelo corte ainda mais. Não importa, o choque inicial dá lugar à tranquilidade. É chegado o momento de abaixar as armas, de reconhecer a importância desta pessoa para o nosso crescimento, mesmo que tenha doído. É agora a oportunidade de fazer as pazes, na medida do possível, pelo menos dentro de si, no próprio coração. * Imagem: Amorosidade, tarô zen de Osho |
Café com Saturno
Categorias
Todos
|