Sabe aquele sonho que não sai da sua cabeça depois de meses ou até mesmo anos? Você já pensou muito sobre as imagens, descobriu algumas pistas e desvendou os motivos que pôde, mas sabe que ainda há muito a ser aprofundado... A abertura a seguir nos ajuda a entrar nas imagens do sonho e ampliar nossa reflexão. As cartas são dispostas em forma de estrela, com a sexta carta no centro:
1. Tema principal do sonho 2. O que está oculto, o que preciso entender melhor 3. O que significa "tal imagem" do sonho 4. Traço desconhecido de mim mesmo(a) visível no sonho 5. A que aspecto da vida o sonho está se referindo 6. Mensagem de orientação Exemplo inspirado em um sonho: A flor de carniça Uma mulher negra e maravilhosa, com um lindo vestido longo de festa, é homenageada com uma enorme flor de carne, fina e delicada. Ela lembrava a Beyonce. O local era um salão de festas e lembrava um evento de entrega de prêmios a artistas. Ela entra indignada, dizendo que não aceitaria uma flor feita de carniça, que isso era um absurdo. A flor, enorme, no palco. Após seu discurso, a mulher se retira, sentindo-se ultrajada. Várias crianças, meninas de vestido de festa, vão até lá e começam a dançar. Acho que eu estava assistindo tudo na plateia, pois quando vi a flor já pressenti que a mulher poderia não gostar muito disso. Informações prévias De um modo geral, esse sonho retrata uma situação em que a sonhadora não se sente satisfeita com o que recebe da vida ou, mais especificamente, não reconhece como presente o que lhe é dado por alguém, por ter imaginado que mereceria receber algo completamente diferente - e, dentro da sua percepção, algo mais grandioso, mais elegante e sofisticado, algo mais belo, enfim: não consegue enxergar o que de melhor a vida lhe traz. O que poderia ser visto como dádiva, presente, homenagem, é interpretado como um ultraje. Mas também, uma flor de carniça! Na verdade, a flor do sonho era muito bela, embora fosse feita de carne. Não existem flores feitas de carne na natureza, mas existem flores gigantes que cheiram carniça! São belíssimas e florescem pouquíssimas vezes, embora vivam por muito anos: http://www.jornalopainel.com.br/essas-sao-10-flores-carnicas-que-tem-os-cheiros-mais-fedidos-do-mundo/ https://www.tudointeressante.com.br/2015/08/belas-e-fedorentas-10-flores-com-cheiros-super-desagradaveis.html De fato, digamos que a flor do sonho não tinha os atrativos usuais que as flores costumam ter. Mas com certeza era algo valoroso! Era imensa, mas fina e delicada, ou seja: apesar dos pesares, havia beleza, sim... Era feita de carne, ou seja: um presente nada tradicional e totalmente inusitado, raríssimo. Algo totalmente ligado à matéria, algo denso, pesado, terreno mesmo. Presente que se recebe de mãos fortes; presente dado por guerreiros, não por donzelas! Leitura das cartas 1. Tema principal do sonho: Estrela 2. O que está oculto, o que preciso entender melhor: Rainha de copas + Justiça 3. O que significa a "flor de carniça": Rei de copas 4. Traço desconhecido de mim mesmo(a) visível no sonho: Rainha de espadas 5. A que aspecto da vida o sonho está se referindo: 4 de paus 6. Mensagem de orientação: 8 de ouros 1. A Estrela logo mostra o equívoco da sonhadora: o presente não era de grego, embora tivesse até todo jeito... É preciso ter mais humildade, é preciso saber aceitar o que a vida traz e confiar na ideia de que tudo que recebemos, por mais que doa, é, de fato, o que precisamos para o nosso momento. É preciso ver a gigantesca flor de carne com novos olhos, com mais aceitação, abertura, de modo pacífico. 2. A rainha de copas é o que está oculto, sendo que esta rainha representa um mistério - o mistério do feminino, a abertura ao mundo dos sentimentos, a receptividade da água. Ela representa uma qualidade que está adormecida na sonhadora. Ela está enclausurada, falta percepção. E, novamente: falta aceitação do que parece um ultraje, mas na verdade é exatamente o que a pessoa precisa receber - nem a mais, nem a menos - A Justiça. 3. O que parece um absurdo é na verdade a cura - rei de copas. A flor traz a medicina que vem do sangue e da matéria. O rei também representa um homem; no caso, se referia ao modo como enxergava os homens que faziam parte de sua vida. Grosso modo, por ter vivido certas experiências desagradáveis, ela estava colocando todos eles num saco só, incluindo seu marido - um homem incrível! Simbolicamente falando, ele poderia, mas não lhe dava rosas, porque sabia que as rosas não lhe fariam crescer agora. Mas ela cismou querer as rosas a todo custo e por tanto tempo que precisou desse sonho arrebatador para desiludi-la em um só golpe! 4. Aqui, os sentimentos negativos e envenenados que nos enlaçam quando achamos que não somos amados como deveríamos, que não somos tratados da maneira correta, quando o ressentimento nos pega pelos pés, tornando a vida mais amarga - o lado sombra da rainha de espadas. A mulher negra e maravilhosa representa esse lado da sonhadora. Ela se vê como uma pessoa que é tratada indignamente, praticamente uma rainha a quem os súditos se recusam a oferecer a glória e as pompas. 5. O sonho mostra que o lado sombra da rainha de espadas está retirando a entrega da sonhadora para os momentos de felicidade, celebração e alegria - 4 de paus. Ela está deixando de sorrir, de ter prazer, de reconhecer a importância da sua união com sua família. Está perdendo seu centro, seu fogo interior, está se tornando fria, está congelando tudo; é preciso retomar o fogo, a paixão pela vida e, especialmente, comemorar o que deve ser motivo de exaltação e felicidade. 6. O oito de ouros sugere abandonar seus antigos métodos, já velhos e desgastados; convida a exercer uma nova postura diante da vida: cultivar novas maneiras de ver e de encarar as situações da vida, deixar entrar o sentimento da novidade de cada dia, de não achar que já sabe o que é melhor que aconteça, confiar naquilo que vai se desenrolando naturalmente, sem forçar a barra. Ainda tem muita coisa a ser aprendida, a ser experimentada. E outros presente virão. Talvez sejam diferentes daquela coisa descomunal que foi idealizada a princípio, mas nem por isso serão menores. É tempo de abrir portas e se dar o direito de se surpreender positivamente com o que será visto do outro lado. Termino aqui nosso exemplo de interpretação. Espero que essa abertura lhes seja útil para entender melhor "aquele sonho"!...
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A Papisa, ou Sacerdotisa, arcano número II, é a energia oposta e complementar ao Mago. Enquanto no I nos deparamos com a atitude criativa e a primeira manifestação concreta dos ideais, no II o que se procura já existe pronto - não há nada a fazer. A chave encontra-se escondida, embora acessível a quem se dispuser a decifrar enigmas. O Mago deseja fazer acontecer diante de todos os olhares a sua magia. A Papisa não precisa sair de casa. Está sempre absorta em seu mundo: sua concentração é plena, porém voltada para dentro. Ela guarda o livro onde já estão escritos todos os mistérios. Tudo que sente é intenso, mas permanece oculto aos olhares superficiais dos curiosos. Ela sabe melhor do que ninguém a necessidade de guardar um segredo. Pouca gente sabe disso hoje, com tanto estímulo para compartilhar tudo com todos a qualquer momento. A Papisa não está nas mídias sociais. Ela valoriza o sigilo da sua privacidade (mas provavelmente ela participa de alguns fóruns de discussão. Com outro nome - mais seguro, preservando a sua verdadeira identidade -, é bem provável... Aliás, convido vocês a conhecerem o nosso "esconderijo": http://cafecomsaturno.weebly.com/foacuterum.html). No reino do arcano II, percebemos que nem tudo pode ser dito: As palavras são poderosas e muito podem, mas não tudo. Existem coisas que não podem ser expressas nem por palavras, nem por imagens, nem pelos nossos sentidos... Ela sabe muito bem disso; sua força reside na noite escura. Jung nos fala sobre a importância de mantermos nossos segredos em Sonhos, memórias e reflexões. Ele também nos conta como sempre soube, desde menino, da existência de duas personalidades distintas nele operantes, apelidadas de "número 1" e número "2". A personalidade número 1 era sua parte que vivia todas as situações do mundo exterior, inserida no social, assim como acontece com o Mago. A número 2 era uma parte sua muito mais introvertida, mais ligada ao seu mundo interno - o mundo da Papisa. Todos as noites, enquanto dormimos e sonhamos, travamos contato com esse mundo também - são as mensagens oníricas, com seus símbolos enigmáticos que falam menos à mente que a algum outro lugar dentro de nós. Para experimentar uma dose da Sacerdotisa, sugerimos tentar a abertura inspirada na "Janela de Johari", ferramenta humanista criada por Joseph Luft e Harrington Ingham. As posições indicam diferentes partes da nossa personalidade, sendo que 2, 3 e 4 nos podem levar para mais perto do reino do arcano II: Eu vejo Eu não vejo o outro vê 1 2 o outro não vê 3 4 1. Eu aberto: você vê e os outros também 2. Eu secreto: você vê, mas os outros não 3. Eu cego: você não vê, mas os outros veem 4. Eu desconhecido: você nem os outros percebem Não é necessário usar as cartas para chegar às respostas das posições 1, 2 e 3, mas esse é um bom exercício para confirmar o que já sabemos ou ao menos desconfiamos... Já a quarta posição é a que, de fato, nos ajuda a desvendar um mistério. Essa abertura também é útil quando estamos avaliando a nós mesmos num dado período de tempo, ou diante de uma situação específica. Fecho nosso pequeno texto com uma canção de Loreena Mckennitt. Suas músicas, sua voz sempre exalam uma atmosfera de introspecção e mistério... Como é bom ver o Mundo saindo em nosso jogo... Tão gostoso sentir aquela sensação de que tudo está bem, de que temos tudo que precisamos. Que nossa vida é completa e tudo está à nossa disposição! E o alívio de concluir um projeto, uma etapa de vida, um trabalho artístico, seja lá o que for... Tem coisa melhor do que isso?
A tiragem a seguir propõe uma reflexão a respeito do que nos torna realmente plenos, completos e realizados. Usaremos três cartas em forma de um triângulo, deixando o arcano XXI - O Mundo - no centro desse triângulo. Antes de abrir as três cartas, olhe para a imagem do arcano XXI, disposta no centro da mesa, e respire fundo. Disponha as cartas em seguida e vire uma de cada vez. Se você achar que não entendeu a mensagem de alguma delas, não hesite: abra uma segunda carta para ajudá-lo(a) a interpretar a primeira. Se sair, em alguma posição, uma carta que você considera negativa, procure interpretar seu aspecto luminoso, mesmo que não pareça haver nada de positivo na imagem. Não se prenda aos significados usuais, procure ampliar o quanto puder o seu entendimento. 1 XXI 2 3 1. O que me faz sentir verdadeiramente completo(a) e realizado(a)? 2. Como deixar fluir em meu corpo a energia da realização e da plenitude? 3. Qual minha contribuição para a dança contínua da vida? Boas descobertas a todos! Desejo irresistível de manifestação O Mago é o combustível que faz a vida acontecer. Ele tem todos os instrumentos, todos os recursos necessários em sua mesa: não lhe falta nenhum elemento. Seu olhar está atento, suas palavras são ditas em alto e bom som. É um deleite vê-lo em ação, absorto na sua atividade inventiva... Seus principais atributos: Iniciativa, posse do poder pessoal, ação criadora, direcionamento da energia criativa, propósito claro e visível, criação apaixonada de uma nova perspectiva, desejo irresistível de manifestação. O Mago faz acontecer no mundo um projeto pessoal verdadeiramente sentido e almejado. O arcano número I é a primeira chama. É a visão de todas as infinitas possibilidades, a abertura de todos os caminhos. O direcionamento exato e preciso de uma ideia. Se depois ele vai ter a persistência para levá-la a cabo ou não, essa já é uma outra história. Ele precisa de Força e muito elemento terra para isso. Mas ele guarda em si a centelha que dá origem a tudo que pode vir a ser grandioso, porque ele acredita naquilo que é capaz de oferecer ao mundo. Ele é a sua própria criação, e a sua criação está carregada da sua magia. Inspiração: intensa, porém breve e fugidia O Mago nos oferece aquela faísca que pescamos no ar, a ideia primeira, cristalina... A semente que, se, regada, tem a chance de se tornar um dia um fruto maduro. Aquele rompante intuitivo que nos parece ser ditado por outra pessoa. Um bom exemplo disso é a canção Yesterday. Circula a história de que Paul McCartney teria sonhado com a melodia todinha; após acordar, ele corre ao piano para registrar tudo. Se ele, ao invés de correr ao piano, tivesse ido tomar um café, talvez hoje um de seus grandes hits não existiria... Às vezes temos boas ideias inspiradas num piscar de olhos, mas nem sempre damos atenção a elas. Ou então deixamos para pensar nelas depois; mas depois pode ser que não as encontremos mais! Brainstoming ou mapa mental: acendendo o propósito do planejamento pessoal Quando estamos desanimados e sem muita determinação para seguir em frente com algo que começamos, ou mesmo quando estamos confusos e não sabemos muito bem para onde ir... É nessa hora que devemos convocar uma "reunião" com nosso Mago interior e sair com uma ata mais bem delineada. Também podemos chamá-lo quando estamos vivendo a vida no "piloto automático", sem muita consciência dos nossos próprios propósitos. Quando tudo anda meio cinzento e abatido. Sem sal, mixuruca, sem brilho... Outro sinal de que é hora de nos conectarmos ao nosso Mago. Hora de impregnar de mágica nossos planos mais adorados. De sentir o nosso centro, o nosso fogo. Esse é o momento ideal para rever - ou criar - nossa própria missão e nossos verdadeiros objetivos. O Mago é o co-criador de sua própria jornada terrena. Há um exercício bastante conhecido, geralmente praticado em grupos, ou por estudantes, mas que podemos também fazer para entrar em contato com a energia do arcano número I: Escrever um braistorming ("tempestade de ideias") ou mapa mental sobre um tema que gostaríamos de esclarecer, iluminar, de impregná-lo com a nossa energia criativa. No centro de uma folha de papel, escrevemos uma palavra ou expressão principal e, ao redor dela, tudo que possa se ligar ao tema; lembrando que, embora esse exercício tenha tudo a ver com uma primeira etapa de planejamento, pode ir além disso. Digamos que estamos executando agora o planejamento apaixonado de um tema que nos é absolutamente encantador... É o rascunho, o esqueleto já vivo da ideia prestes a ser executada com maestria. Que possamos sentir a energia pulsante do Mago a nos acompanhar sempre que precisarmos de uma dose vigorosa de criatividade e idealismo! |
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